Uma Parábola Para o Nosso Tempo

João Fácil vivia com a sua mulher, filho e sogro numa vivenda suburbana e agradável. Tinha um jardim de tamanho médio. Um dia, por semana, vinha um jardineiro para mantê-lo limpo.

Um dia, quando o João Fácil voltava do escritório, reparou que havia uma erva daninha de aparência peculiar no centro do relvado em frente da casa. Tinha folhas vermelhas e uma pequena flor branca e tinha, aproximadamente, 15 cm de altura . Ele podia tê-la arrancado, facilmente, e colocado no incinerador do jardim, mas naquela altura não esteve para se incomodar.

Naquela noite, lembrou-se da erva daninha e comentou com a sua esposa: 'Quando puderes, querida, deves arrancá-la', disse ele 'é muito engraçada'.

E a mulher disse que sim. Contudo, ela esqueceu-se de o fazer durante alguns dias, e, quando se lembrou não esteve para se incomodar e ir ao jardim, em vez disso, mencionou a situação ao seu pai: 'Paizinho, quando puderes, vai ao jardim. O João diz que tem uma espécie estranha, de erva daninha no relvado, que precisa ser arrancada.'

Naquele preciso momento o pai estava muito ocupado a ler o seu jornal e não esteve para se incomodar com isso. Vários dia depois mencionou o facto ao seu neto: 'Vai ao jardim e vê se encontras uma erva daninha vermelha com flores pretas. A tua mãe quer que seja arrancada.'

O jovem Eurico Fácil foi ao jardim, mas, depressa, voltou. 'A qual delas se refere, avô?' perguntou ele. 'Há lá muitas iguais.'

E assim era. Durante este tempo em que ninguém fez nada, a erva daninha multiplicou-se em duas - depois em quatro - e depois em oito - e em dezasseis - e em trinta e duas - e em sessenta e quatro - e em cento e vinte e oito - e outras mais se multiplicavam sem parar.

Também se tornavam maiores. Primeiro passaram dos 15 cm para 30 cm, depois para 60 cm, e a partir das flores pretas brotavam gavinhas azuis claras.

Toda a família saiu para ver. Nenhum deles se decidiu a arrancar as ervas daninhas, e todos concordaram que, Guilherme, o jardineiro, estaria de volta em breve, e que isso ficaria para ele fazer. No entanto, Guilherme estava de férias e só regressou três semanas depois. Quando ele chegou, havia centenas de ervas daninhas que tinham crescido de 60 cm para 1,20 m e depois para 1,80 m ou mais - uma floresta ameaçadora de ervas daninhas vermelhas e pretas com gavinhas azuis a abanarem-se por todo o lado.

Guilherme olhou-as de relance e disse, 'Eu nem lhes toco! Devem consultar a Câmara.' E assim foi decidido. A carta de João Fácil esteve vários dias num monte de papéis na Câmara Municipal, depois foi transferida para o Ministério da Habitação, para o Ministério da Ciência e para o Ministério da Agricultura e Pescas.

Meses depois, um representante do Ministério Sem Pasta, foi enviado à casa da família Fácil, para descobrir o que de tão estranho se passava.

Não conseguiu encontrar a casa. Estava perdida, engolida num mar de ervas daninhas gigantes. O representante do Ministério achou que era muito interessante e que tinha de fazer um relatório sobre aquilo.

Naquela manhã, olhou, fugazmente, para uma peculiar erva daninha cinzenta com uma flor cor de púrpura, que reparou no seu próprio jardim. Mas não lhe deu muita importância, tinha apenas 15 cm de altura. Iria, talvez, pedir, à sua mulher para a arrancar.

... e a interpretação

É um pouco assustadora, este tipo de Ficção Científica? Há coisas muito mais assustadoras, que acontecem regularmente, na sociedade e nas almas humanas.

Qualquer indivíduo, qualquer grupo, qualquer vizinhança, qualquer nação tem as suas próprias 'ervas daninhas' e, basicamente, temos duas opções: arranca-las ou deixa-las dominarem-nos. Nós vivemos num mundo em que as coisas crescem e multiplicam-se. É um princípio fundamental da vida. Pequenas falhas e fracassos, pecados insignificantes e imbecilidades crescem tornando-se em loucuras e maldades terríveis.

Porque motivo não as arrancamos quando são pequenas e fáceis de lidar? Parcialmente, por ignorância, por não prevermos no que se irão tornar; parcialmente, por ociosidade. O nosso lema é: 'ignoramo-las e elas acabam por desaparecer' quando a verdade é ' ignoramo-las e elas continuam a crescer'.

A razão pela qual não as arrancamos logo é, parcialmente, porque estamos muito ocupados em apontar as ervas daninhas do canteiro de outra pessoa qualquer. É fácil, por exemplo, ver as ervas daninhas do canteiro de um adolescente , quando nós próprios já não o somos. Em contraste, é fácil para os adolescentes verem como as ervas daninhas da ganância, materialismo e hipocrisia podem estrangular a vida, da maior parte da sociedade adulta.

Quase que nos faz sentir um certo prazer, apontar as ervas daninhas nos canteiros dos outros, do que no nosso - não importa se pensamos em termos de idade, sexo, crença, cor, política ou outra coisa qualquer. Todavia é muito mais útil, se fizermos, nós próprios, um pouco de jardinagem.

Então, quando foi a última vez que você ou eu arrancamos uma erva daninha? Quando foi a última vez que nos apercebemos do número de ervas daninhas que existem no mundo, como um todo, ou na nossa própria alma, em particular, que têm uma necessidade, urgente, da nossa atenção? Espero que você seja uma pessoa basicamente decente. De outra forma não estaria a consultar este 'site' ou a ler um artigo como este. Uma das mais arrepiantes citações que eu conheço vem de Edmund Burke - ' Tudo o que é necessário para o derradeiro triunfo do mal é que os homens bons não façam nada.'

Note que, as boas novas é que não há necessidade de ficar sem fazer nada, não há necessidade de ficar hipnotizado na inactividade, cegueira ou receoso pelas ervas daninhas do pecado que nos rodeia - não, quando temos à mão, as ferramentas de jardinagem de Deus. Existem bastantes destruidores de ervas daninhas entre as capacidades da Fé Cristã, e quando tivermos um canteiro limpo, há a semente do fruto do Espírito para ser semeada. E, louvado seja Deus, essa, também, cresce - e como cresce, desde que lhe seja dada uma oportunidade!

Roy Lawrence

The Plain Truth - Fevereiro / Março 2001

Igreja de Deus Mundial

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